Gilmar França

Gilmar França
A serviço da categoria!

sábado, 17 de abril de 2010

ANTES QUE SEJA TARDE.

Os porto-alegrenses suportaram, na semana que termina, duas mortes (assassinatos travestidos de ?fatalidade?) de jovens: Valtair Oliveira, 21 anos, eletrocutado em uma parada de ônibus, e o motoqueiro Leonardo da Silva Delgado, 19 anos, que ?derrapou? e morreu em uma obra sob responsabilidade do DMAE ? mal acabada, como tantas outras espalhadas pelas nossas cidades.


Obras ? do DMAE, da Corsan, da CEEE, da RGE, da AesSul ? entregues a empresas terceirizadas, sem qualquer compromisso com a qualidade, sabedoras da ausência absoluta de fiscalização da empresa estatal contratante, são transformadas em verdadeiras armadilhas. Estatais se livram de funcionários concursados, transferindo serviços para empresas desconhecidas ou cooperativas, dando a falsa ideia de diminuição do tamanho do Estado, espécie de fantasia criada pelos neoliberais, que rezam diariamente o mantra: ?Precisamos diminuir o tamanho do Estado?, ignorando a relação custo benefício em longo prazo.


O Ministério Público estadual decidiu apurar responsabilidades pela morte do jovem Valtair Jardim de Oliveira. Segundo César Faccioli, promotor de Defesa do Patrimônio Público, ?ao analisar e investigar essas causas, é possível identificar a deficiência na manutenção e/ou fiscalização dos terminais de ônibus na Capital, especialmente as condições de segurança dos usuários. São expedientes que têm, além daquele conteúdo tradicional de identificação e personalização de culpa, culpa grave, dolo e responsabilização pessoal dos culpados, também têm um viés de personalização de culpa administrativa no sentido de deficiência dos serviços públicos?.


A máquina pode ser pesada e obtusa, mas, quando quer, se movimenta. A promotoria poderá se manifestar sobre a segunda morte, provocada por serviços precários oferecidos pela prefeitura da Capital dos gaúchos, o caso do motoqueiro Leonardo ? ou não! Seja como for, o que precisa ficar claro é que a sociedade já não suporta se manter de forma bovina, a aceitar tragédias plenamente evitáveis, como se fossem meras ordens divinas ou infernais. Precisamos de nomes, CPFs, endereços e fotos dos irresponsáveis que, sabedores de ilícitos ou ?armadilhas?, além de crimes continuados, se furtam de providenciar soluções.


Pois temos, hoje, uma decisão de empresários que escancaram a omissão deliberada dos órgãos responsáveis da prefeitura de Porto Alegre na questão da segurança pública, vinda do tradicional Guion Center da Lima e Silva: ?Neste domingo (18/04/2010), em respeito ao nosso público e em protesto, não teremos a tradicional sessão das 22h no Guion Center Cinemas. O descaso e a negligência do poder público permitiu uma permissiva aglomeração na rua Lima e Silva, o que impede e oprime quem tentar usar de seu direito de ir e vir. Constantes solicitações foram feitas ao poder público, nos diversos setores ? da Infância e Adolescência, Brigada Militar, EPTC etc. Esses setores devem estar esperando que aconteça algum incidente trágico para daí tomar uma atitude que preserve o comezinho direito de ir e vir do cidadão. Incidentes e verdadeiros atentados ao pudor acontecem todos os domingos, em uma manifestação que indica o comércio de drogas e entorpecentes, pois tem hora para começar e para terminar: das 19h às 22h. Vários estabelecimentos dessa rua fecham suas portas nos domingos temendo pelas arruaças. Nosso próximo passo será fecharmos definitivamente o Guion Center Cinemas, pois muitos de nossos clientes acham que esse ?evento? acontece todos os dias e deixaram de frequentar nossas salas?, assina Carlos Schmidt, empresário proprietário do Guion.


Fica evidente que a prefeitura, especialmente o prefeito, não pode se manter alheia ou alegar desconhecimento do problema que envolve aquela comunidade. Se restar um cadáver, de quem será a culpa? Ou seria apenas dolo? As pessoas de ?bem? estão perdendo a guerra para a marginalidade, sob os olhos complacentes do poder público. Chega!


Fonte: Beatriz Fagundes
Jornal: O Sul

Nenhum comentário:

Postar um comentário