Mais de um terço do eleitorado brasileiro estaria disposto a eleger uma mulher.
Pela pesquisa do Ibope, dá para perceber um movimento feminino ainda não experimentado no Brasil: Serra e Ciro caíram, e houve ascensão de Dilma Rousseff ? de 17% para 25% ? e de Marina Silva ? de 8% para 10% ?, entre novembro e fevereiro. A soma das duas ultrapassa um terço do eleitorado disposto a votar em uma mulher para presidente. Ambas ministras do governo do operário.
Marina saiu, mas continua amiga do presidente. Em meio a uma avalanche de corrupção produzida por 90% dos políticos ? já que apenas 10% dos cargos são ocupados por mulheres ?, a eleição terá um ar renovado, lembrando a Penélope Charmosa na impagável Corrida Maluca.
Dilma pode ter absorvido os votos dos indecisos, já que houve oscilação, considerando que o percentual de quem não sabia em quem votar baixou de 12% para 9% e o percentual dos dispostos a não votar em ninguém (nulos e brancos) também caiu, de 13% para 11%.
A corrupção seria uma tendência masculina inarredável? Uma mulher passaria a imagem de imune às negociatas e jeitinhos produzidos pelos machos da política brasileira? A experiência pode indicar que não, ser ou não corrupto é apenas uma questão de caráter, formação familiar de princípios e honra, independente de gênero.
Ontem o candidato Ciro Gomes (PSB) teve o seu momento na TV, e veio com o já velho e conhecido discurso de pacificador, condenando o clima de fla-flu, que, segundo ele (esse filme é velho conhecido dos gaúchos), só faz mal ao Brasil. Para a elite política, não cabe fazer comparações entre os oito anos do FHC e os sete de Lula.
Como se isso não fosse a única fórmula de escolha. Uma terceira via seria o quê, então? A negação dos últimos quatorze anos? Esse discurso em tudo surge como oportunista, pois os números são hoje objeto de comparações, especialmente junto à imprensa especializada, interessada nos rumos do Brasil.
Na revista The Economist do último dia 17, em editorial intitulado ?Brazil Takes Off?, afirma que o País entrou definitivamente no cenário mundial como sede das Olimpíadas em 2016, destacando onde é contrário aos outros integrantes do chamado BRIC: ?Ao contrário da China, é uma democracia, ao contrário da Índia, não possui insurgentes, conflitos étnicos, religiosos ou vizinhos hostis.
Ao contrário da Rússia, exporta mais que petróleo e armas, e trata investidores estrangeiros com respeito?.
Ulalá! A revista edita uma série de números do antes e depois do governo Lula:
1) Risco Brasil ? FHC: 2.700 pontos; Lula: 200 pontos.
2) Salário Mínimo ? FHC: 78 dólares; Lula: 210 dólares.
3) Dólar ? FHC: R$ 3,00; Lula: R$ 1,78.
4) Dívida com o FMI ? FHC não mexeu; Lula pagou.
5) Universidades federais novas: FHC ? nenhuma; Lula: dez.
6) Extensões universitárias ? FHC: nenhuma; Lula: 45.
7) Escolas Técnicas ? FHC: nenhuma; Lula: 210.
8)Valores e reservas do Tesouro Nacional ? FHC: 185 bilhões de dólares negativos; Lula: 160 bilhões de dólares positivos.
9) Créditos para o povo-PIB ? FHC: 14%; Lula: 34%.
10) Indústria automobilística ? FHC: baixa de 20%; Lula: alta de 30%.
11) Câmbio ? FHC: fixo estourando o Tesouro Nacional; Lula: flutuante, com ligeiras intervenções do Banco Central.
12) Taxas de Juros SELIC ? FHC: 27%; Lula: 11%.
13) Mobilidade Social ? FHC: 2 milhões de pessoas saíram da linha de pobreza; Lula: 23 milhões.
14) Empregos ? FHC: 780 mil; Lula: 11 milhões.
15) Investimentos em infra-estrutura ? FHC: nenhum; Lula: 504 bilhões de reais previstos até 2010.
16) Mercado internacional ? FHC: Brasil sem crédito; Lula: Brasil reconhecido como investment trade?.
Fica claro o que os empresários, operários, investidores, produtores e donas-de-casa estarão escolhendo: avançar na direção muito bem revelada pela revista britânica ou retornar às condições do tempo dos tucanos no poder. Comparar é uma obrigação da racionalidade. Os dados acima constam da mais importante revista do capitalismo; não venham dizer que o editor é petista, menos ainda lulista. Ele é apenas bem informado. Sem rancores.
Fonte: Beatriz Fagundes ( Jornal O Sul )
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