Gilmar França

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domingo, 21 de novembro de 2010

NÍVEL DE VIDA DA POPULAÇÃO MELHORA E DESPERTA A IRA DAS ELITES

Secou a fonte das serviçais a preço de merreca e algumas peças de roupas usadas.

É indisfarçável o ódio das elites ao modelo de governo que, com programas sociais de amplo alcance, incluiu milhões de brasileiros que viviam há séculos condenados a marginalidade econômica. Eles nem tentam mais disfarçar, atiçando seus cães de guarda a rosnarem impropérios contra os novos consumidores e cidadãos de direito.


O episódio do comentarista de TV em Santa Catarina é emblemático, pois ele foi explícito ao reclamar: ?O sujeito mora apertado em uma gaiola, que hoje chamam de apartamento, não tem nenhuma qualidade de vida, mas tem um carro na garagem. E esse camarada casado, como não suporta a mulher dele, nem a mulher suporta ele, sai. Vão para a estrada. Vão se distrair, vão se divertir. E aí, inconscientemente, o cara quer compensar suas frustrações com excesso de velocidade. Tem cabimento o camarada não vencer a curva? Como se curva fosse feita para vencer... Então é isso, estultícia, falta de respeito, frustração, casais que não se toleram, popularização do automóvel, resultado desse governo espúrio, que popularizou pelo crédito fácil o carro para quem nunca tinha lido um livro. É isso?.


Nada mais claro e direto. O problema é o consumo hoje possível para aqueles que até ontem viviam apenas a espera das migalhas que caiam da mesa da classe média das grandes cidades. As madames estão indignadas, pois a facilidade com que se conseguia uma ?empregada doméstica bem baratinha? acabou, pois a migração em busca de alguma qualidade de vida nos grandes centos urbanos acabou. Secou a fonte das serviçais a preço de merreca e algumas peças de roupas usadas.


Isso leva os saudosistas da senzala a exporem sua ira social, acusando o governo de facilitar a vida dos miseráveis com programas como o Bolsa Família, apelidado pelos recalcados como Bolsa Esmola. Imprime velocidade nas tentativas de desmoralização de programas como o ProUni, com o qual, pela lei, as universidades privadas devem instituir políticas de ações afirmativas para receber recursos do ProUni, com reserva de parte das bolsas de estudo para alunos que tenham cursado o ensino médio completo em escolas da rede pública ou em instituições privadas na condição de bolsista integral, sendo que parte das bolsas deve ser concedida para negros, indígenas e pessoas portadoras de necessidades especiais.


Além disso, a lei determina que as bolsas de estudo integrais só sejam concedidas a brasileiros cuja renda familiar mensal per capita não exceda 1,5 salários-mínimos. Estão avançando contra o Enem, afinal, com que direito o filho de peão de obra pode sonhar cursar engenharia?


O desespero e o ódio são evidentes e fica exposto no comentário da patricinha, estudante de direito que no microblog Twitter convocou seus iguais: ?Nordestisto não é gente, faça um favor a SP, mate um nordestino afogado!?. O MP de São Paulo está preocupado com a escolaridade do Tiririca, enquanto o preconceito vai sendo adubado na estufa do ódio. ?Na primeira noite eles entram em nosso jardim e roubam nossa rosa. E nós não dizemos nada. Na segunda noite já não se escondem e pisam em nossas flores. E nós não dizemos nada. Na terceira noite entram no jardim, roubam nossas flores, matam nosso cão. E nós, não dizemos nada. Finalmente, o mais fraco deles invade nossa casa e corta nossas línguas. Então, não podemos falar mais nada?.


Bertold Brecht.

Fonte: Beatriz Fagundes- Jornal o SUL

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