É possível, tudo é possível, que, não só no Rio Grande, pedagogos tenham acordado, embora sem sucesso, para a necessidade desses meninos da Fase, especialmente os infratores, que já assaltaram, mataram gente, agrediram professores, pais e vizinhos e, no conjunto dos menores delitos, traficaram e consumiram drogas, necessitem de um processo de reeducação que tenha em um de seus pontos fundamentais uma criteriosa orientação sexual. Afinal, como abordei na sexta-feira, fundamentado em informações oficiais, no entorno da clientela da Fase há os fantasmas permanentes de doenças sexualmente transmissíveis, a necessidade de métodos contraceptivos, de ações de higiene, de autocuidado, esclarecimento sobre paternidade consciente e gravidez na adolescência. Trata-se de fenômeno nacional, quiçá internacional.
Inegável que as questões sexuais influenciam todas as atividades dos seres vivos e, especialmente, da criatura humana, que, desde tempos imemorais, cultiva a cultura do sexo por prazer, o que ocorre com certa frequência até mesmo entre os membros do reverendo clero católico. A carne, sempre a carne. Mais do que isso, esse prazer, que era limitado a jovens e pessoas maduras, hoje se estende aos velhos, graças aos milagres da ciência. É, pois, muito sério esse problema ? ou esse prazer ? quando se trata de meninos ou meninas que vivem em situação de risco, sem qualquer tipo de disciplina e com o tesão na plenitude. Nessa moldura, somente o Rio Grande, que se ufana de ser o Estado mais politizado do País, poderia encontrar um caminho destinado a revolucionar essa área da educação e reeducação.
A solução idealizada pelos pedagogos da Fase gaúcha, como todas as ideias inovadoras, de plano, está a sofrer reações de grupos e de indivíduos isolados. Eu sou um dos indivíduos isolados, mas isso não tem importância maior devido a minha condição de humilde marquês. Como abordei em duas colunas recentes, a pedido da Fase, o Estado anunciou uma licitação para a compra de treze pênis de borracha. Ora, se todos os pedagogos do País adotarem o uso desse equipamento para menores em situação de risco, teremos uma explosão na indústria de pênis, o que é bom para a economia. De outra banda, haverá a discussão se os pênis deverão ser somente brancos ou se os negros também terão a sua cota. Um debate politicamente correto. O tamanho do artefato estará em estudo, pois influirá no custo final.
Fiquemos na Fase gaúcha. Digamos que um pênis venha a desaparecer. Tudo é possível. E, em momento algum, devemos esquecer que a compra está sendo feita através de licitação pública. Logo, será paga pelo erário. Isso significa que cada um de nós será responsável por tal aquisição. O desaparecimento de um pênis deverá provocar, no mínimo, uma sindicância, e, se a coisa evoluir, até mesmo o Ministério Público terá de intervir. Haverá, inclusive, a responsabilização de quem estava com a guarda do pênis, o que iria estourar em uma professora ou em um professor. No entanto, o objetivo da compra do material fala mais alto. Em síntese, o Rio Grande entra na história como o primeiro Estado a fazer uma licitação pública para a compra de treze pênis de borracha. Esta glória ninguém vai nos tirar.
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