Os técnicos da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) e a direção do Hospital Beneficência Portuguesa, em Porto Alegre, começaram, nesta terça-feira, a análise conjunta dos documentos sobre os procedimentos realizados na instituição pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no ano passado. A expectativa é de que, a partir desta avaliação técnica, a prefeitura faça o pagamento dos cerca de 400 serviços médicos, que totalizam R$ 1milhão.
Segundo a direção, esse valor é necessário para manter o hospital em funcionamento, inclusive pagando os salários dos trabalhadores. “Com a solução do impasse, teremos condições de fazer o pagamento dos salários de abril dos funcionários até o final dessa semana, manter os outros serviços, como consultas e cirurgias”, prevê o presidente do Beneficência Portuguesa, Eraldo Martins. Ele afirmou que o repasse que está emperrado na secretaria corresponde a cerca de três vezes a folha de pagamento integral de trabalhadores. O presidente explicou que estão em análise procedimentos que na prestação de contas foram contestados por técnicos da SMS.
Sem o repasse desses valores, os profissionais do Beneficência Portuguesa estão sem receber os salários de abril. Diante da situação, os funcionários entraram em greve na segunda-feira. Assim, estão suspensas as internações e apenas 30% dos profissionais mantêm as atividades, conforme exigência da legislação sobre serviços essenciais. O hospital conta com 200 funcionários.
Em frente à instituição, foram montadas barracas. Segundo o diretor jurídico do SindiSaúde-RS, Gilmar França, a crise financeira do Beneficência Portuguesa estava sendo anunciada desde o ano passado. “Quando começaram os problemas com os contratos de serviços com a Prefeitura, em maio, sabíamos que esse momento de colapso financeiro chegaria. Porém, os trabalhadores foram ignorados”, reclamou ele.
Para o diretor jurídico, a disponibilidade da prefeitura em avaliar a situação já mostra avanços nas negociações. “Esperamos que com esse acerto, as contas comecem a se equilibrar e não ocorram mais atrasos nos pagamentos”, destacou ele. França apontou ainda que desde o final do ano passado houve queda no faturamento do hospital pela redução do número de atendimentos repassados pela prefeitura, em especial na área de traumatologia e neurocirurgia.
Segundo ele, o faturamento do hospital era de R$ 705 mil, em maio de 2009 e nos últimos meses ficou em torno de R$ 90 mil. “Não há como manter a instituição em funcionamento com esses valores”, avisou o diretor do SindiSaúde, lembrando que a maior parte do faturamento é referente aos serviços realizados pelo SUS.
Segundo o titular da Secretaria Municipal de Saúde, Carlos Casartelli, todos os serviços e as prestações de contas serão analisados para confirmar as informações repassadas pela direção do hospital, seguindo a legislação federal. Além disso, o secretário explicou que, após essa avaliação técnica, deverá ser firmado um novo contrato com a diretoria do Beneficência Portuguesa, permitindo a manutenção do convênio pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Fonte: Mauren Xavier/ Correio do Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário