Gilmar França

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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

MÉDICO INDICIADO POR ROUBAR "OS OLHOS DOS PACIENTES" EM URUGUAIANA




Preso quando foi flagrado transportando córneas retiradas de forma ilegal de uma paciente morta na Santa Casa de Caridade de Uruguaiana, o oftalmologista Mauro Cezar Reichembach foi denunciado pelo Ministério Publico à Justiça.

Junto com ele, mais quatro pessoas foram denunciadas pelo órgão por algum tipo de participação no esquema. Reichembach é acusado de retirar córneas de três cadáveres entre 2000 e 2009 e realizar quatro transplantes de maneira ilegal.

Os primeiros órgãos foram transplantados em pacientes em um hospital particular de Uruguaiana, hoje fechado. Outros dois pacientes receberam as córneas dentro da Santa Casa de Uruguaiana que, na época, não tinha autorização para retirada de órgãos.

Em maio do ano passado, ao tentar fazer o terceiro transplante dentro da instituição, a administração do hospital chamou a polícia e o médico foi preso. Ele estava com as córneas recém tiradas de um cadáver e as transportava para sua clínica particular dentro de uma maleta. Já haviam duas cirurgias marcadas para essas córneas, que acabaram não ocorrendo.

Por terem autorizado os procedimentos ilegais via Sistema Único de Saúde, estão sendo denunciados o diretor clínico da Santa Casa, José Mocellin e o ex-secretário de Saúde do município, José Maria Argemi Filho. O médico anestesista Oscar Medeiros Blanco foi denunciado por participar das cirurgias mas, assim como Reichembach, disse que não tinha conhecimento do teor da denúncia e não se pronunciaria. Júlio Pérsio Lopes, dono de uma funerária da cidade, também foi denunciado.

Segundo o MP, ele pegava autorizações de doação ilegais com parentes de doadores e contatava o médico para os transplantes: — Não agi de má fé. Só queria externar a vontade das famílias em doar— falou. Reichembach ficou apenas um dia preso. Continua atendendo em sua clínica e ainda faz parte do corpo clínico da Santa Casa de Caridade de Uruguaiana.

Ele deve responder o processo em liberdade. O inquérito policial que serviu como base para denúncia levou cerca de seis meses para ser concluído.

Fonte: federação empregados estabelecimentos serviços saude do Rio Grande do Sul

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